Origens e definição psicológica
Na psicologia, a histeria coletiva é frequentemente interpretada como um tipo de resposta psicogênica a situações de estresse ou ansiedade intensos. Quando um grupo enfrenta uma pressão social ou emocional elevada, a tensão pode ser “liberada” em forma de sintomas compartilhados como desmaios, tremores, paralisias, comportamentos irracionais ou até convulsões.
A histeria coletiva geralmente ocorre em ambientes isolados, com forte coesão social, como escolas, conventos, vilarejos e instituições religiosas ou militares.
Um dos casos mais emblemáticos de histeria coletiva aconteceu em Salém, Massachusetts, no século XVII. Um grupo de meninas começou a apresentar comportamentos bizarros e acusações de bruxaria se espalharam rapidamente. O medo coletivo levou à prisão e execução de dezenas de pessoas. Hoje, esse evento é estudado como um exemplo claro de como crenças e medo podem gerar comportamentos irracionais em massa.
Na cidade de Estrasburgo, então parte do Sacro Império Romano-Germânico, uma mulher começou a dançar compulsivamente nas ruas. Em poucos dias, centenas de pessoas estavam dançando incontrolavelmente, muitas até a morte. Sem explicação médica clara, esse episódio é atribuindo à histeria coletiva induzida por estresse, fé religiosa e tensão social.
Relatos históricos contam que, em um convento na França, uma freira começou a miar como um gato. Logo, outras freiras imitaram o comportamento, miando em uníssono por horas e até dias. Padres e autoridades religiosas foram chamados para realizar exorcismos, e o comportamento cessou somente após ameaças de punição.
Esses fatores criam um ambiente propício para o contágio emocional, em que comportamentos e sintomas se espalham por imitabilidade e sugestão.
Manifesta-se por meio de medo extremo, pânico, fobia coletiva, muitas vezes sem um perigo real. O pânico de combustível no Reino Unido em 2021 é um exemplo moderno.
Espalha-se principalmente por meio da mídia ou redes sociais. A desinformação viral pode gerar comportamentos irracionais e reativos, como corridas a supermercados e teorias da conspiração.
Hoje, com a velocidade da informação, a doença pode surgir e se espalhar em questão de horas. Fake news, teorias conspiratórias, desafios virais e pânicos morais se multiplicam em escala global.
Exemplo: durante a pandemia de COVID-19, diversas comunidades enfrentaram surtos de pânico relacionados a escassez de papel higiênico, uso de cloroquina, lockdowns, entre outros.
A histeria coletiva é um reflexo da nossa natureza social e emocional. Ela revela como somos influenciáveis pelo grupo, pela cultura e pelas emoções alheias. Ao entender melhor esse fenômeno, podemos desenvolver métodos mais eficazes de comunicação, gestão de crises e promoção da saúde mental coletiva.
Mesmo em tempos modernos, com todo o avanço da ciência, a histeria coletiva continua sendo uma realidade. Por isso, cultivar o pensamento crítico, o cuidado emocional e o acesso à informação de qualidade são os caminhos para evitar que o medo se transforme em comportamento irracional em massa.