A acusação contra Braga refere-se a um incidente ocorrido em abril de 2024, quando ele teria empurrado e chutado um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante uma discussão nas dependências da Câmara.
Em resposta à decisão do Conselho de Ética, Glauber Braga anunciou que permaneceria nas instalações da Câmara e iniciaria uma greve de fome até a conclusão do processo. Ele declarou estar há mais de 30 horas sem se alimentar, ingerindo apenas líquidos. Braga afirmou que essa é uma “tática radical” decorrente de uma decisão política e que não será derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto, comprometendo-se a ir “às últimas consequências”.
O parlamentar e seus apoiadores alegam que o processo de cassação é uma forma de perseguição política, supostamente influenciada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), devido à postura combativa de Braga contra práticas como o orçamento secreto.
Atualmente, o processo segue em tramitação, com possibilidade de recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Caso o recurso seja rejeitado, a decisão final caberá ao plenário da Câmara, onde são necessários pelo menos 257 votos favoráveis para efetivar a cassação do mandato de Glauber Braga.
Greve de fome
Essa forma de resistência ganhou notoriedade no início do século XX com ativistas do movimento sufragista na Inglaterra e, posteriormente, com Mahatma Gandhi na luta pela independência da Índia. No Brasil, foi utilizada por presos políticos durante a ditadura militar e por lideranças indígenas, camponesas e sindicais como meio de luta por direitos e dignidade.
A greve de fome é, sobretudo, um ato simbólico de entrega do próprio corpo como arma de luta, revelando o limite da resistência humana frente à opressão. Ao colocar a própria saúde em risco, o grevista expõe a gravidade de sua causa e busca sensibilizar a opinião pública e a mídia.
Contudo, esse tipo de protesto também levanta debates éticos e jurídicos, especialmente quando envolve o sistema prisional ou a atuação do Estado diante da deterioração da saúde do manifestante. Muitas vezes, governos ignoram ou tentam deslegitimar grevistas de fome, classificando-os como manipuladores ou emocionalmente desequilibrados.
Atualmente, a greve de fome continua sendo uma ferramenta poderosa, embora controversa, de luta por justiça, utilizada quando todas as outras vias de diálogo parecem esgotadas. É um grito silencioso, mas profundo, de quem não tem mais nada — a não ser o próprio corpo — para reivindicar seus direitos.